quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sobre Saltos



É assim que o mar faz ondas.
Finge tranquilidade e comete arrebentações.
Hoje, estou como um mar.
Lá nas profundezas escondo minha alma
Visto-a de algas de rendas
de saias de conchas
e levo navegantes de um para outro cais.

Amanhã, quem sabe, serei um céu
e asas tentarão me atingir.
Algumas sábias, outras coloridas.
Nenhuma sem bússola.
E uma ou outra, desavisada,
passará por mim, sem sequer um aceno.
Não saberá que aqui é seu lar.
E nem saberá que tingi de azul
o firmamento, sem motivo algum.
Talvez, para eu mesma me fartar.

E me certificarei que ontem,
nem mar e nem céu, eu fui.
Simples demais. Límpido demais.
Ontem não havia melodias
nem brilhos espaciais.
Não havia blocos suspensos
nem a sinfonia do mais.
(mais fé, mais amor, mais riso).
Ontem, os amigos eram vizinhos
inatingíveis demais.
Marcianos de outra dimensão.

Escureceu.
Eu, mar. Eu, céu. Eu, sombra.
Descalça salto nuvens.

Deslizo, com galhardia,
pelo universo
dos meus quintais.

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