sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Tu e Eu*


Ando invadindo fronteiras
Desfazendo linhas
Modificando o vento
Enquanto tu reverberas
Luminosidades
Apagando traços do tempo
Eu,demonista
Tu,xaua

Dou-te meu colo em abrigo
Alivio tuas dores romeiras
Com beijos alivio teu fardo
E tu combatendo as feras
Quebra as seitas homéricas
Redesenhando a mandala
Eu,caína
Tu,fão

Sorrio as vias tortuosas
Extraio perfume de pedras
Exalto a vida que é bela
Enquanto tu esmurras
A ponta do teu iceberg
Bebendo o sangue in natura
Eu,crasia
Tu,telado

E assim vivemos à parte
Eu, tateando a visão
Tinjo de cores as sombras
Tu, gesticulando a boca
Digeres teu aprendizado
Somos em cada encontro
Eu,biótica
Tu,rrão

E o que poderia ser fábula
É tão somente mania
Tu e eu somos um caso
Avesso à psiquiatria.




* a partir do poema de Luiz Fernando Veríssimo
com o mesmo título.

Um comentário:

Henrique disse...

Amiga, eu devia ser capaz de botar aqui um daqueles comentários de arrebentar qualquer intelecto que justificasse o uso da palavra - mas eu receio ter-me simplificado demais. Estou virando matuto, aplicadamente, á custa de muito esforço ( por certo haverá quem diga que isso, para mim, é mole-mole rsss )...
Perdi-me...ah sim ! Isto tudo para dizer, sem transcendentalismos de metalinguagem, que achei o seu poema delicioso, simples, fresco, sem aquele amargor rebuscado que pareceu passar a existir nas suas linhas depois de um ponto. Lindo.
Parabéns.
Henrique