sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Um Epitáfio


Em mim houve o receio
que a vida fosse somente
o meio para que as dores
de todas as frustrações
me esquecessem num labirinto.
Sei lá, um quebra-cabeça
com peças idênticas:
mesmo cortado, mesma borda
com todos riscos afins.

Saí mundo afora levando tudo que possuía
Olhos brilhantes, sorriso constante
euforia ilimitada do gosto pela vida...
Tracei alguns projetos. Me vi em muitas retinas.
Conselhos? não. Queria meus acertos e meus erros
queria ser dona de mim..

E fui. Viajei por décadas em sintonia
sugando emoções, alegrias, tristezas
montei o meu palco com flores,
algumas cinzas, alguns amores
alguns saberes, alguns pudores
e foi assim que me fiz.

Não encontrei no amor
o sentimento que todos exultam
Por ele ou através dele, desencantei-me de
príncipes, reis, súditos e por pouco
não sucumbi.

Nunca camuflei o sentir.
Deixei-o livre, tecendo linhas
e ainda bordo alguma ousadia
sem nós, sem avessos
provando que ainda posso
preencher meu próprio espaço
utilizando esperança, bom senso,
e vivendo cada momento,
como o derradeiro; aquele do fim.

Não. Não me basto. Não sou
auto sustentável. Necessito
de todo o externo.
De um carinho doce, num gesto
de um aperto de mão, sincero
De cumplicidades, de colo,
de compartilhar sem segredos
as margens, o miolo, o recheio,
de todos meus sentimentos
sem que a sanidade ou loucura
que cada um traz dentro de si
me empurrasse novamente
para um beco sem saída
onde nem a psicanálise
com seus dogmas, soluções,
questionamentos,
conseguiria o meu resgate.

Calma! O meu viver é lúcido
apesar de tudo
Parece insano? Não é. (O que escutas é o eco)
E rico, apesar de bens não possuir..

Falta muito, para o prefácio.
E muito ainda, para o epitáfio. Espero.

Mas, se houver que seja assim:

Não seguiu a revoada
e no entanto, utilizou suas asas,
para alçar vôos e avistar cascatas.
Nelas, deixou seu recado:
"Vesti-me de águas
purifiquei minha alma
e escolhi ser feliz!"

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